A satisfação e o progresso

Liverpool e Chelsea se encontram amanhã, às 13h15 de Brasília, para a final da FA Cup em Wembley. As escalações são incertas, mas existem pistas de como Dalglish e Di Matteo preparam seus times.
A semana do Liverpool é, de certa maneira, um resumo da temporada. Na terça-feira, derrota em casa para o Fulham na Premier League. Amanhã, decisão da FA Cup contra o Chelsea. A péssima campanha na liga, que põe o clube num embaraçoso oitavo lugar, contrasta com o êxito nas copas. Se o título da Carling Cup amenizou a sensação de fracasso em 2011-12, a perspectiva de levar a FA Cup empolga ainda mais.
Parece existir em Anfield uma necessidade doentia de provar que o clube evoluiu na temporada. Só nesta semana, o diretor Ian Ayre, o capitão Steven Gerrard e o técnico Kenny Dalglish concederam entrevistas para valorizar sucessos e minimizar fracassos. Dalglish disse que prefere a satisfação pelo possível double (títulos nas duas copas) a uma quinta posição no campeonato.
Ele está certo quando fala em “satisfação”, ainda mais se pensarmos que o Liverpool não levantava uma taça havia seis anos. Um clube desse tamanho não pode mesmo contentar-se com vaga nisso ou vaga naquilo. Títulos e finais devem fazer parte da rotina porque oferecem aos torcedores os momentos mais marcantes em sua relação com a instituição. Troféus são o que há.
Não à toa, as melhores lembranças do século XXI para os torcedores do Liverpool são o treble de 2001 (Copas da Inglaterra, da Liga e da UEFA), as duas finais de Champions com um título memorável em 2005 e a FA Cup de 2006, conquista com a assinatura de Gerrard. A emoção dessas ocasiões foi inegavelmente superior à do segundo lugar na Premier League em 2008-09, ainda que aquele time tenha sido o melhor do Liverpool nos últimos 20 anos.
No entanto, é necessário separar a ótica do torcedor da do profissional, que também tem compromissos financeiros com o clube e precisa assegurar, por exemplo, que a Champions League não se transforme numa realidade inatingível. Além de “satisfação”, outra palavra tem sido empregada com frequência lá em Anfield, inclusive por Dalglish: “progresso”. Ora, a medida do progresso tem de ser a campanha na Premier League, competição que lhe impõe um calendário longo e sem distorções.
O fraco aproveitamento de 45% e a oitava posição estão longe dos 51% e do sexto lugar da temporada passada, que, vale registrar, começou de forma trágica. Esses números significam que a política de contratações, embora fizesse sentido no começo, não deu certo e que algo precisa ser feito para a curva de desempenho voltar a subir no ano que vem. O Liverpool reaprendeu a jogar partidas decisivas e pode oferecer aos torcedores o segundo troféu da temporada, mas não evoluiu. Not at all.